Cartografia – Apresentação

A minha paixão pela Orientação foi, desde muito novo, incondicional. Queria dominar e compreender todos os fatores deste desporto.

Como complemento à metodologia do treino, trabalhei desde os meus 18 anos na cartografia e no traçado de percursos.

Ao longo destes 20 anos na Orientação, fui treinador da Seleção Nacional Portuguesa Júnior, criei e organizei dezenas de estágios para Jovens (OriJovem) e fui responsável por campos de treino em Lisboa, Alentejo e Algarve (Sun-O), assim como traçador de percursos e cartógrafo em inúmeros eventos, incluindo vários Portugal O’ Meeting e no World Masters Orienteering Champioship 2008.

Desde 2012 que trabalho no período do Verão na Escandinávia e França, onde tenho tido a oportunidade de conhecer e trabalhar com alguns dos melhores clubes e atletas do mundo.

Sou Cartógrafo de Orientação nível V (nível máximo) e Traçador de Percursos nível II (nível nacional).

Ser cartógrafo de Orientação

Ser cartógrafo de mapas de orientação, sempre terá fases em que custa muito, não posso negar, mas, depois de semanas ou meses de trabalho sozinho no bosque, não há sensação como a de estar a dar os últimos retoques e sentir a estimulante ilusão que, a cada melhoria no desenho, estou mais próximo do mapa perfeito.

O alfabeto inteiro não chegaria para descrever tudo o que numa floresta é pertinente identificar e registar.

Expresso essa necessidade utilizando símbolos, traços e cores (ISOM), meticulosamente posicionados, seguindo uma escala e altimetria. Sempre que no campo, procuro a melhor solução e critério, passam pela minha cabeça não só os regulamentos internacionais, mas também milhares de outros dilemas idênticos ou experiências como atleta em muitas outras localizações, eventos e mapas.

Imagino em vários “flashs” qual a melhor forma de garantir justiça, clareza e legibilidade ao desenho, fazendo muitas vezes um exercício de imagética, vejo os melhores atletas do mundo navegando/correndo naquele local especifico e procuro encontrar a melhor forma deles “fluírem” como se os seus pés sentissem as curvas de nível que o polegar lhes aponta no mapa com a mira dos olhos.

Se o meu trabalho tiver qualidade, os melhores atletas não terão dúvidas e tentarão sim, a capacidade de antecipar e escolher a próxima referência ou itinerário numa linguagem universal e simples, porém de extrema complexidade de ser “desenhada”.

Num planeta com tão diferentes culturas, alfabetos, tradições, ritos e linguagens, é fascinante pensar que os mapas de orientação por todo o mundo seguem as mesmas regras e simbologia, funcionando como uma linguagem universal.

É, para mim, uma responsabilidade, mas ao mesmo tempo prazeroso pensar que, porventura seres humanos de estratos sociais e contextos díspares, com os quais nunca conseguiria comunicar, podem de forma igualitária usufruir livremente do meu trabalho.

Quando tudo começou (2001)